SAIU NO DIARIO DA AMAZÔNIA - 3 de dezembro de 2012 - 16h33
Tem uma frase que diz: Quando tem que ser, será. Assim
acontece com a história do Dalton Di Franco que nasceu Enéas Rômulo em um
seringal de Ariquemes e que depois de “ralar” muito, “Fui engraxate, lavador de
carro, vendedor de saco, vendi sanduiche naqueles tabuleiros, vendi pão e
empurrei cadeira de aleijado ajudando meus pais a criar meus 11 irmãos”,
terminou de ser eleito vice-prefeito de Porto Velho numa parceria com o Dr.
Mauro Nazif. Dalton foi vereador e deputado estadual. Na época foi considerado a
grande revelação da política de Rondônia se transformando na grande esperança da
população de Porto Velho. De repente abandona a política, “Fui estudar porque
até então só tinha o 2º grau”. Sua volta ao mundo politico aconteceu este ano
quando, foi convidado pelo senador Acir Gurgacz a ser candidato a prefeito pelo
PDT. No final terminou formando parceria com o Dr. Mauro Nazif saindo candidato
a vice na coligação “A Hora é Agora” e o resultado, é que no próximo dia 14,
Dalton Di Franco será diplomado vice-prefeito de Porto Velho.
Zk: Você nasceu aonde e qual seu nome de
batismo?
Dalton Di Franco: Meu nome de batismo é Enéas
Rômulo de Araújo, nasci no seringal Recreio que fazia parte da área do Distrito
de Ariquemes no município de Porto Velho, em 1960.
Zk: Isso quer dizer que você foi registrado como se fosse
nascido no município de Porto Velho?
Dalton Di Franco:
Exatamente! Naquela ocasião Rondônia era Território Federal e tinha apenas dois
municípios, Porto Velho pegando daqui até Vilhena e Guajará Mirim que era até o
Vale do Guaporé.
Zk: Seus pais faziam o que?
Dalton Di
Franco: Meu pai era seringueiro e minha mãe doméstica. Sou o mais velho
de uma família de 12 irmãos.
Zk: E sua formação escolar como foi?
Dalton Di
Franco: Fiz a alfabetização na Mineração Jacundá cuja estação de
trabalho funcionava perto de Itapuã D’Oeste. Quanto completei 10 anos de idade
meu pai mudou pra cá pra Porto Velho com a família e aqui estudei na Escola
Carlos Costa (já extinta), no colégio Kennedy, João XXIII, colégio Rio Branco,
fiz Administração na Uniron e estou concluindo direito na Ulbra.
Zk: Como foi a sua infância?
Dalton Di
Franco: Aliás, não tive infância, por necessidade, aos 10 anos tive que
começar a trabalhar: fui engraxate, lavador de carro, vendedor de saco, vendi
sanduiche naqueles tabuleiros, vendi pão, empurrei cadeira de aleijado, tudo
isso para conseguir alguma coisa para ajudar meus pais a sustentar meus
irmãos.
Zk: Qual o nome do seu pai e da sua mãe?
Dalton
Di Franco: Enéas Rômulo de Melo que hoje é nome de uma rua lá na Zona
Leste, ele veio pra Rondônia em 1922. Nascido em Corumbá Mato Gross serviu o
exército em Óbidos (PA). Em 1922 teve um levante no exército e por conta disso,
os militares que se rebelaram, ou foram presos ou fugiram e ele foi um dos que
fugiram.
Zk: Então ele fazia parte do regimento do Aluizio
Ferreira?
Dalton Di Franco: Não sei bem se ele fazia parte
do mesmo pelotão, mas foi na mesma ocasião, quando o Aluizio Ferreira também se
refugiou no Vale do Guaporé, que meu pai veio pra cá. Naquela ocasião o ouro do
mundo era a borracha.
Zk: Por que seu pai não voltou para o exército após ser
anistiado?
Dalton Di Franco: Meu pai se embrenhou no
seringal e quando houve a anistia ele não quis voltar, porque achava que era
melhor continuar na vida que estava vivendo. Aluizio Ferreira retornou e se
tornou o primeiro governador de Rondônia em 1943.
Zk: E sua mãe?
Dalton Di Franco: Minha
mãe é uma beradeira, dona Nazaré Araújo nasceu no Lago do Cuniã. Ela é uma
mulher muito sofrida, ela e o irmão Raimundo perderam os pais quando novos e
foram criados por parentes. Tenho sangue de índio na minha genética, pois os
meus avós eram índios lá no Ceará que vieram pra cá na época do primeiro ciclo
da borracha, também tenho sangue de alemão por parte do meu pai já que meu avô
era alemão, minha avó por parte de pai era paraguaia aí nasci com essa cara de
índio.
Zk: E o Dalton Di Franco como surgiu?
Dalton Di
Franco: Em 1978 já tinha trabalhado em várias empresas e fui trabalhar
na rádio Eldorado que era do Mário Calixto inaugurada no dia 13 de setembro de
1978, fui um dos seus fundadores. Naquela ocasião eu usava o nome Rômulo Araújo
mesmo. Enfim, era um repórter policial como qualquer outro.
Zk: Aí surge o Dalton Di Franco?
Dalton Di
Franco: Foi o seguinte: Procurei a rádio Caiari e o Ivan Gonzaga que
era o diretor na época me disse, “Olha, posso até arranjar um emprego pra você,
mas, vamos criar um nome artístico”. Que nome artístico é esse? “Você vai se
apresentar com um nome fictício pseudônimo”, Fui pra casa e comecei a pensar,
então rabisquei três nomes: Paulo Ronaldo, Ricardo Franco e Dalton Di
Franco.
Zk: E o critério para escolher o Dalton?
Dalton
Di Franco: Fui pesquisar esses nomes e descobri que Paulo Ronaldo era o
nome de um radialista em Belém do Pará então risquei, depois descobri no mapa de
Rondônia que na região do Cone Sul tem uma localidade chamada Ricardo Franco que
foi um dos pioneiros na época do Rondon então eliminei também, ficou o Dalton Di
Franco que posteriormente eu o adotei. Hoje meu nome no registro é Enéas Romulo
Dalton Di Franco de Araújo.
Zk: E a voz do Dalton Di Franco?
Dalton Di
Franco: O Luiz Rivoiro era o diretor da rádio Caiari por ocasião
daquele momento que Rondônia estava passando a condição de estado e como grande
conhecedor de rádio trouxe uma grande leva de profissionais de fora, muita gente
boa do rádio de São Paulo e eu fui um dos que ele aproveitou aqui de Porto
Velho. Ele dizia o seguinte: “Um grande profissional precisa ter um nome, uma
voz e uma música”. Em consequência dessa orientação, criei esse estilo de voz
como uma maneira de marcar.
Zk: Você se inspirou em alguém para criar o timbre da
voz?
Dalton Di Franco: Não! A única referência que tive
naquela ocasião foi a do Gil Gomes. Só que o Gil Gomes usa o falcete de voz é
diferente do meu, eu uso a impostação, mudo de tom.
Zk: Nesse tempo todo apresentando programa policial, tem
algum fato que pode ser considerado como pitoresco?
Dalton Di
Franco: Temos vários exemplos. Certa ocasião chegou à rádio Caiari uma
senhora muito “braba”, querendo falar com o diretor. Ela dizia, “olha, sou dona
de um bar e o Dalton Di Franco foi ontem lá, comeu, bebeu e não pagou”. “A
senhora tem certeza que foi o Dalton?” – “Tenho, ele falou que era o Dalton” –
“Como era esse homem que senhora diz que é o Dalton”. Ela descreveu uma pessoa
totalmente deferente e por fim, ele me chamou sem eu saber o que estava
acontecendo e a mulher nem mesmo falou comigo, quanto mais reconhecer na minha
pessoa aquele que lhe deu o “trambique”. Fui acariado sem saber.
Zk: Um fato triste?
Dalton Di Franco:
Lembro que certa ocasião uma senhora muito humilde me procurou na rádio pra
contar que os filhos dela meninos de 7 e 8 anos, saíram da escola sem avisar e
foram tomar banho no igarapé Bate Estaca no Sentido Santo Antônio e morreram
afogados. Os meninos que viram, ficaram com medo e se calaram e a mulher
procurando pelos filhos sem saber o que tinha acontecido. Eu noticiei e depois
se descobriu o que tinha acontecido e nós forçamos o Corpo de Bombeiros a ir lá
procurar os corpos. Foi muito emocionante. Durante a campanha deste ano ela me
encontrou e me fez relembrar o episódio.
Zk: E o Dalton na política aconteceu
quando?
Dalton Di Franco: Entrei para a política em 1988, já
estava no rádio há muito tempo fazendo sucesso, tinha um nome e em 1988 sai
candidato a vereador naquela ocasião fui o único que não teve horário eleitoral
seja no rádio ou na televisão e nem teve palanque, foi só na visita de amigos e
fui o segundo mais votado, quem ganhou de mim foi a Marlene Capeta. Fiquei na
câmara por dois anos, fiz um bom trabalho o prefeito era o Chiquilito que me
ajudou muito e então fui indicado para ser candidato a deputado estadual e fui o
6º mais votado.
Zk: Com toda essa aceitação, por que você abandou a carreira
política naquela época?
Dalton Di Franco: Acontece que não
fui político por uma determinação, eu diria assim, Deus quis que eu fosse não
diria por acaso, porque fiz um bom trabalho tanto como vereador como deputado,
mas, não tinha a intenção de ser político. Quando acabou meu mandato eu tinha
outras coisas pra fazer. Fui estudar porque até então só tinha o 2º grau (agora
é ensino médio), ingressei na faculdade fiz Administração de Empresa fiz
pós-graduação me tornei professor universitário e há algum tempo iniciei o curso
de direito na Ulbra, tô pra me formar.
Zk: O candidato, primeiro a prefeito e depois
vice-prefeito?
Dalton Di Franco: Na verdade nesse ano de
2012 tinha a pretensão de me aposentar. Meus filhos se reuniram e falaram: “Pai
é salário, se for a gente paga pro senhor ficar em casa”. Quando terminou 2011
caminhava nessa direção, em dezembro estava realizando palestra sobre drogas nas
escolas e numa palestra no colégio 21 abril, convidei o senador Acir Gurgacz
para participar, ele veio e ficou admirado com a maneira como as pessoas me
recebiam.
Zk: E então?
Dalton Di Franco: Então ele
fez a seguinte pergunta: “Você quer ser o nosso candidato a prefeito?” Respondi
senador não tenho condição, não tenho nome, não tenho dinheiro e não tenho
partido. “Você não é do PDT?” Sou mais o PDT tem outros nomes. “Não, você hoje é
uma pessoa muito querida, as pessoas não me procuram, procuram você pra tirar
foto, pedir autografo”. Aí a semente começou a semear e de repente me tornei o
candidato do PDT a prefeito.
Zk: E a aliança com o Dr. Mauro?
Dalton Di
Franco: Por uma circunstância, não conseguimos formar uma nominata
completa de vereadores, nosso tempo de televisão era muito pequeno e ficamos
numa situação muito difícil, poderíamos ter topado. Teria dado errado imagino
eu. Mas, Deus sempre tem um plano. O Mauro tinha o mesmo projeto que o meu, ser
prefeito de Porto Velho e ele nos procurou no último dia e nos convidou a fazer
parte do projeto dele. Fizemos uma composição, elegemos um vereador que é o Cabo
Anjo e eu me tornei vice-prefeito de Porto Velho. Acredito que tudo isso não foi
por acaso, foi Deus que direcionou de maneira tal que caminhou tudo certo.
Zk: Na estrutura da administração do Dr. Mauro você será
apenas o vice ou vai assumir alguma secretaria?
Dalton Di
Franco: O Dr. Mauro tem dito em suas entrevistas que o vice dele vai
ser como se fosse o prefeito e eu estou com essa disposição. Não quero ser o
maior e nem serei o menor, serei alguém que sempre vai estar ao lado do prefeito
pra resolver os problemas da comunidade. Devo esclarecer que essa eleição não
foi só o Dalton e o Mauro que ganharam, foi um grupo de pessoas que clamaram por
mudança, então vamos discutir com esses companheiros aquilo que é melhor para a
nossa cidade e sua população.
Zk: Para encerrar?
Dalton Di Franco:
Desejo um Feliz Natal para todos os porto-velhenses e que essa expectativa de
esperança de mudança possa ser concretizada a partir de 1º de janeiro e por
todos os dias do Ano Novo!